quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Os dons do Espírito Santo em Maria

O que são os dons do Espírito Santo

Os dons do Espírito Santo são hábitos sobrenaturais infundidos nas potências da alma (no momento do Batismo), para (dispô-la) a receber e secundar com facilidade as moções do próprio Espírito Santo.

Em primeiro lugar, ordenam-se a receber a moção divina, e neste sentido podem ser considerados como hábitos receptivos ou passivos. Porém, ao receber a divina moção, a alma reage vitalmente e a auxilia com facilidade e sem esforço graças aomesmo dom do Espírito Santo, que atua neste segundo aspecto como hábito operativo. São, portanto, hábitos passivo 
-ativos, a partir de distintos pontos de vista.

Sete são os dons do Espírito Santo, segundo Isaías (XI, 2-3), a saber: de entendimento, de sabedoria, de ciência, de conselho, de fortaleza, de piedade e de temor de Deus, dos quais, os quatro primeiros pertencem à perfeição do entendimento, e os outros três à perfeição da vontade".

Distinção entre virtudes e dons 


Deus dá, juntamente com a graça santificante, todos esses dons. Concede-nos, porém, a casa um em determinada medida. Só a Maria, por assim dizer, os deu sem medida. Passemo-lo brevemente em revista.

A plenitude dos dons de Maria

- Dom do conselho

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Nossa Senhora do Bom Conselho
Genazzano (Itália)
O dom do conselho aperfeiçoa a virtude da prudência, fazendo-nos julgar prontamente e com segurança, por uma espécie de intuição sobrenatural, acerca do que convém fazermos, especialmente nos casos difíceis, O objeto próprio do dom de conselho é a boa direção das ações particulares.

Admirável foi esse dom em Maria, que é chamada pela igreja a Mãe do Bom Conselho. Com efeito, a alma de Maria esteve sempre voltada para Deus, de quem recebia com sua facilidade todas as aspirações, motivo por que a Ela, mais de que a qualquer outro Santo, se podem aplicar as palavras: Tua proteção será o bom conselho e a prudência te salvará (Prov. II, 11).

Mas foi especialmente em duas circunstâncias que Maria Santíssima deixou conhecer o modo eminente em que possuía esse dom precioso.

Isto aconteceu, primeiro, em sua apresentação no Templo, quando, por inspiração divina, soube ser coisa agradável a Deus que Lhe fosse consagrada, desde a infância, pelo voto de perpétua virgindade. Em segundo lugar, foi em sua Anunciação, quando, ao ser saudada pelo Anjo como cheia de graça, e ao ser pedido seu consentimento para o cumprimento da Encarnação, se dirigiu ao Núncio celeste para saber dele quais eram as disposições divinas a seu respeito e, conhecidas estas, se ofereceu totalmente, como serva, ao Senhor.

- Dom da piedade

O dom da piedade aperfeiçoa a virtude de religião, que é anexa à justiça e produz no coração um afeto filial para com Deus e uma terna devoção às Pessoas e às coisas divinas, para fazer-nos cumprir com santa presteza os deveres religiosos.

Se nos fosse dado penetrar com o olhar íntimo de Maria, ficaríamos maravilhados com os sentimentos de filial afeto para com Deus, nEla inspirados pelo dom de piedade. Este levou Maria menina a dedicar sua atividade ao serviço do Templo, que Ela, com a mesma terna piedade, venerava por cima de todas as coisas materiais. Foi o dom de piedade que Lhe inspirou uma veneração especial pela Sagrada Escritura, como pelas palavras pronunciadas por seu Filho Jesus, as quais conservava todas em seu coração.

Na alma da Imaculada, tudo cantava a Deus sem resistência alguma, numa perfeita harmonia de suas potências e de todos os seus atos, ao sopro do Espírito Santo. Sua plenitude de graça e de santidade, sua total correspondência às mais leves inspirações divinas, seu desejo único de glorificar a Deus, fizeram da Virgem Maria, o mais belo templo vivo da Santíssima Trindade. Maria é a criatura que mais glória deu ao Senhor.

- Dom de fortaleza

O dom da fortaleza aperfeiçoa a virtude de mesmo nome, dando à vontade um impulso e uma energia que a tornam capaz de operar e de sofrer animosa e intrepidamente grandes coisas, superando todos os obstáculos.

Se considerarmos, de um lado, a grandeza da obra a realizar-se, a que Maria fora predestinada por Deus e, de outro lado, as inumeráveis dificuldades que Lhe competia afrontar, não por parte da carne, pois era imaculada, mas por parte do demônio e do mundo, veremos que teria havido motivo justo para Ela perder a coragem, se houvesse sido deixada entregue a suas próprias forças. Como poderia jamais uma criatura, santa sim, mas débil por natureza achar tanta coragem para realizar uma obra tão árdua e para vencer inimigos tão feros? Na graça de Deus, por Jesus Cristo, responde São Paulo.

Sim, por meio da graça que Lhe será dada quase sem medida pelos méritos de Jesus Cristo, seu Filho, Maria vencerá todas as dificuldades, todo perigo e cumprirá a árdua empresa de cooperar com Cristo no resgate do gênero humano. Essa graça a tornará inarredável, qual rochedo em meio de um mar tempestuoso, e fará com que Ela repouse em Deus como uma criança nos braços maternos.

- Dom do temor

O dom do temor aperfeiçoa ao mesmo tempo a virtude da esperança e a virtude da temperança, fazendo-nos temer desagradar a Deus e sermos separados dEle; a virtude da temperança, apartando-nos dos falsos deleites que nos poderiam levar a perdermos Deus.

É um dom, portanto, que inclina a vontade ao respeito filial de Deus, nos afasta do pecado que Lhe desagrada e nos faz esperarmos em seu poderoso auxílio.

Não se trata, pois, daquele medo de Deus que nos inquieta quando nos lembramos de nossos pecados, nos entristece e perturba. Nem se trata do temos do Inferno (Também chamado temor servil, que nos leva a evitar a culpa por medo do castigo), que basta esboçar uma conversão, porém não basta para dar acabamento à nossa santificação. Trata-se do temor reverencial e filial, que nos faz recear toda ofensa a Deus (ainda que esta não acarretasse nenhuma pena ou castigo).

Grande foi, na realidade, o temor de Maria, porém não foi nada servil. Com efeito, cheia como era da graça divina e tão pura, tão santa, que castigo poderia jamais temer? Nem ao menos houve propriamente nEla aquele temor chamado casto, o qual considera a possibilidade e o perigo de perder Deus com o pecado, pois sabia que, por uma assistência especial do Espírito Santo, não podia perder a graça. Pelo que o temor de Maria, à semelhança do temor de que esteve oprimida a própria alma de Cristo, era um temor reverencial, produzido por um sentimento vivíssimo da majestade infinita de Deus e de seu infinito poder.

- Dom da ciência

Resta-nos considerar os três dons intelectuais: de ciência, de inteligência e de sabedoria. O dom da ciência nos faz julgar retamente das coisas criadas em suas relações com Deus; o dom de inteligência nos descobre a íntima harmonia das verdades reveladas; o dom da sabedoria nos faz julgar apreciar e gostar das coisas divinas (reveladas). Todos os três tem de comum que nos dão um conhecimento experimental, ou quase, porque nos fazem conhecer as coisas divinas não por via do raciocínio ou reflexão, mas por meio de uma luz superior que no-las faz atingir como se delas tivéssemos a experiência.

A ciência de que se fala é a ciência filosófica ou teológica, mas é chamada ciência dos Santos, que nos faz julgar santamente das coisas criadas em suas relações com Deus. Pode, pois, definir-se o dom de ciência como aquele que, sob a ação iluminadora do Espírito Santo, aperfeiçoa a virtude da fé, fazendo-nos conhecer as coisas criadas em suas relações para com Deus.

O objeto do dom de ciência são, portanto, as coisas criadas enquanto nos conduzem a Deus, do qual todas provêm e pelo qual todas são conservadas. Elas são como degraus para se subir até Ele.

A Mãe de Jesus possuía em grau eminente o (dom) de ciência, que A ajudava a distinguir o bem do mal nas criaturas com as quais tratava diariamente. Deus A havia conservado virgem, imaculada. Jamais havia experimentado do mal. Passou pela Terra como puríssimo reflexo de Deus.

E, sem embargo, nenhuma outra criatura julgou com tanta segurança acerca do pecado. Ela percebia o mal com infalível instinto divino. O Espírito Santo A esclarecia e ilustrava a respeito de tudo.

Mãe de um Deus Salvador, seu amor Lhe fazia sentir a bondade e a malícia de todos os homens, seus filhos (...) Ela conheceu todos os nossos sentimentos humanos, sublimados pelo amor divino. O coração de Maria envolvia, numa mesma ternura de Mãe, a seu Filho Jesus e à multidão de seus filhos adotivos.

Passeou pela criação maravilhando-se ao descobrir nela, a cada passo, um reflexo dos esplendores do Verbo (...) Homens e coisas apareciam a seus olhos iluminados pela claridade de Deus e, por contraste, distinguia também perfeitamente a sombra do Mal. (...)

Nenhuma criatura possuiu como Ela a ciência dos Santos, o conhecimento do bem e do mal, das possibilidades de queda e de ressurgimento contidas em nossa liberdade, Com sua translúcida fé, julgava de modo perfeito, o encadeamento das causas segundas no universo, à luz da ciência de Deus.

- Dom da inteligência

O dom da inteligência se distingue do de ciência, porque seu objetivo é muito mais vasto: não se restringe só às coisas criadas, mas se estende a todas as verdades reveladas. Além disso, seu olhar é mais profundo, fazendo-nos penetrar (Intus legere - ler dentro) no significado das verdades reveladas. Não nos faz, é certo, alcançar os mistérios da fé, mas nos faz compreender que, não obstante sua obscuridade, são críveis, que se harmonizam bem entre si e com o que há de mais nobre na razão humana. E com isso se confirmam os motivos de credibilidade.
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Mater Boni Consilii
Que a Santíssima Virgem teve de modo esplendidíssimo o dom da inteligência, consta de que penetrou clarissimamente as coisas que são de fé, na medida do possível a uma alma nesta Terra. E conheceu por abundante experiência, como, por exemplo, que Ela, Virgem, concebeu a Deus; que Deus se fez homem; que Deus é um em essência e trino em pessoas; que o Filho de Deus é Deus e homem em unidade de pessoa. Conheceu também a suma dignidade de sua divina maternidade e a eminência de suas graças, a admirável economia da Redenção humana e a parte que Ela teve por beneplácito divino naquela laboriosa obra. Coisas todas que percebeu Ela com a conaturalidade e afetuoso espírito próprios da Mãe de Deus e cooperadora da Redenção.

- Dom de sabedoria

O dom de sabedoria, o mais perfeito dos três dons intelectuais do Espírito Santo, aperfeiçoa a virtude da caridade e reside, ao mesmo tempo no intelecto e na vontade. Este dom compendia todos os demais, como a caridade compendia em si todas as outras virtudes.

Pode-se definir, pois, como um dom que, aperfeiçoando a virtude da caridade, nos faz discernir e julgar relativamente Deus e as coisas divinas segundo seus mais altos princípios, e nos dão disso o sabor.

Que a Bem-aventurada Virgem Maria obteve em alto grau o dom da sabedoria, belamente o atesta Dionísio o Cartuxo: "Assim como Maria foi, depois de Cristo, inefavelmente mais santa que todos os Santos, assim também no dom de sabedoria foi maior, mais perfeita e mais esplêndida que nenhum outro.

Experimentou e saboreou mais que todos com o paladar da menrte e de modo inestimável, secretíssimo, suavíssimo, freqüentíssimo e exuberantíssimo, quão suave é Deus, quão bom o Deus de Israel para os retos de coração, quão bom o Senhor para os que esperam nEle, para a alma que O busca; quão imensa a sua doçura, quão verdadeiramente é o Deus escondido, mais secreto que todos os mistérios, que brilha candidissimamente e se manifesta à alma purificada com paternal mercê, clemência e abundância para contemplá-Lo e degustá-Lo. (...)

O Espírito Santo, com os sete dons, repousou no coração de Maria com inenarrável plenitude, e com o dom de sabedoria A ornou de incomparável formosura. Mais ainda. A pureza de coração dispõe em grande medida para o aumento e complemento da sabedoria. Na alma malévola não entrará a sabedoria, etc. Dado que a Virgem Maria resplandeceu com tão grande pureza e santidade, que depois de Deus não se pode conceber maior, compreende-se que a Sabedoria incriada se transladasse e se infundisse abundantissimamente na alma de Maria, e nEla o dom de sabedoria fizesse progressos tão indizíveis de modo incomparável nesse dom esta eminente Mãe da Sabedoria". (CLÁ DIAS, JOÃO. Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado. Artpress. São Paulo, 1997, pp. 477 à 481)

terça-feira, 4 de agosto de 2015

O padroeiro dos Sacerdotes: São João Maria Vianney

Com sua fervorosa vida de oração e seu apaixonado amor a Jesus Crucificado, São João Maria Vianney alimentou a sua cotidiana doação sem reservas a  Deus e à Igreja.

O Cura d'Ars era humilíssimo, mas consciente de ser, enquanto padre, um dom imeSanto Cura de Ars_4.jpgnso para o seu povo: "Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina".

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Falava do sacerdócio como se não conseguisse alcançar plenamente a grandeza do dom e da tarefa confiados a uma criatura humana: "Oh como é grande o padre! [...] Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. [...] Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do Céu e encerra- Se numa pequena hóstia".

E, ao explicar aos seus fiéis a importância dos Sacramentos, dizia: "Sem o Sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem há de prepará-la para comparecer diante de Deus, lavando- a pela última vez no Sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer [pelo pecado], quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote. [...] Depois de Deus, o sacerdote é tudo! [...] Ele próprio não se entenderá bem a si mesmo, senão no Céu".

Estas afirmações, nascidas do coração sacerdotal daquele santo pároco, podem parecer excessivas. Nelas, porém, revela-se a sublime consideração em que ele tinha o sacramento do sacerdócio. Parecia subjugado por uma sensação de responsabilidade sem fim: "Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a terra, morreríamos: não de susto, mas de amor. [...] Sem o padre, a Morte e a Paixão de Nosso Senhor não teria servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a terra [...]. Que aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, se não houvesse ninguém para nos abrir a porta? O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecônomo do bom Deus; o administrador dos seus bens [...]. Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. [...] O padre não é padre para si mesmo, é-o para vós".

Santidade objetiva do ministério e santidade subjetiva do ministro

Tinha chegado a Ars, uma pequena aldeia com 230 habitantes, precavido pelo Bispo de que iria encontrar uma situação religiosamente precária: "Naquela paróquia, não há muito amor de Deus; infundi-lo-eis vós". Por conseguinte, achava-se plenamente consciente de que devia ir para lá a fim de encarnar a presença de Cristo, testemunhando a Sua ternura salvífica: Meu Deus, "concedei-me a conversão da minha paróquia; aceito sofrer tudo aquilo que quiserdes por todo o tempo da minha vida!": foi com esta oração que começou a sua missão. E, à conversão da sua paróquia, dedicou- se o Santo Cura com todas as suas energias, pondo no cume de cada uma das suas ideias a formação cristã do povo a ele confiado.

Amados irmãos no sacerdócio, peçamos ao Senhor Jesus a graça de podermos também nós assimilar o todo pastoral de São João Maria Vianney.

A primeira coisa que devemos aprender é a sua total identificação com o próprio ministério. Em Jesus, tendem a coincidir Pessoa e Missão: toda a Sua ação salvífica era e é expressão do Seu "Eu filial" que, desde toda a eternidade, está diante do Pai em atitude de amorosa submissão à Sua vontade. Com modesta, mas verdadeira analogia, também o sacerdote deve ansiar por esta identificação. Não se trata, certamente, de esquecer que a eficácia substancial do ministério permanece independentemente da santidade do ministro; mas também não se pode deixar de ter em conta a extraordinária frutificação gerada do encontro entre a santidade objetiva do ministério e a subjetiva do ministro.

O Cura d'Ars principiou imediatamente este humilde e paciente trabalho de harmonização entre a sua vida de ministro e a santidade do ministério que lhe estava confiado, decidindo "habitar", mesmo materialmente, na sua igreja paroquial: "Logo que chegou, escolheu a igreja por sua habitação. [...] Entrava na igreja antes da aurora e não saía de lá senão à tardinha depois do Angelus. Quando precisavam dele, deviam procurá-lo lá" - lê-se na primeira biografia. [...]

"Todas as boas obras reunidas não igualam o valor da Missa"

O Santo Cura ensinava os seus paroquianos, sobretudo, com o testemunho da vida. Pelo seu exemplo, os fiéis aprendiam a rezar, detendo-se de bom grado diante do sacrário para uma visita a Jesus-Eucaristia. "Para rezar bem - explicava-lhes o Cura -, não há necessidade de falar muito. Sabe-se que Jesus está ali, no Tabernáculo sagrado: abramos-Lhe o nosso coração, alegremo-nos pela Sua presença sagrada. Esta é a melhor oração". E exortava: "Vinde à Comunhão, meus irmãos, vinde a Jesus. Vinde viver dEle para poderdes viver com Ele". "É verdade que não sois dignos, mas tendes necessidade!".

Esta educação dos fiéis para a presença eucarística e para a Comunhão adquiria uma eficácia muito particular, quando o viam celebrar o Santo Sacrifício da Missa. Quem ao mesmo assistia, afirmava que "não era possível encontrar uma figura que exprimisse melhor a adoração. [...] Contemplava a Hóstia amorosamente".

Dizia ele: "Todas as boas obras reunidas não igualam o valor do Sacrifício da Missa, porque aquelas são obras de homens, enquanto a Santa Missa é obra de Deus". Estava convencido de que todo o fervor da vida de um padre dependia da Missa: "A causa do relaxamento do sacerdote é porque não presta atenção à Missa! Meu Deus, como é de lamentar um padre que celebra [a Missa] como se fizesse uma coisa ordinária!". E, ao celebrar, tinha tomado o costume de oferecer sempre também o sacrifício da sua própria vida: "Como faz bem um padre oferecer-se em sacrifício a Deus todas as manhãs!".

"Círculo virtuoso" entre o altar e o confessionário

Esta sintonia pessoal com o Sacrifício da Cruz levava-o - por um único movimento interior - do altar ao confessionário. Os sacerdotes não deveriam jamais resignar-se a ver os seus confessionários desertos, nem limitar-se a constatar o menosprezo dos fiéis por este Sacramento.

Santo Cura de Ars_3.jpgNa França, no tempo dSanto Cura de Ars_3.jpgo Santo Cura d'Ars, a confissão não era mais fácil nem mais frequente do que nos nossos dias, pois a tormenta revolucionária tinha longamente sufocado a prática religiosa. Mas ele procurou de todos os modos, com a pregação e o conselho persuasivo, fazer os seus paroquianos redescobrirem o significado e a beleza da Penitência sacramental, apresentando-a como uma exigência íntima da Presença eucarística.

Pôde assim dar início a um círculo virtuoso. Com as longas permanências na igreja junto do sacrário, fez com que os fiéis começassem a imitálo, indo até lá visitar Jesus, e ao mesmo tempo estivessem seguros de que lá encontrariam o seu pároco, disponível para os ouvir e perdoar. Em seguida, a multidão crescente dos penitentes, provenientes de toda a França, haveria de o reter no confessionário até 16 horas por dia. Dizia-se então que Ars se tinha tornado "o grande hospital das almas". [...]

Assimilar em si o "novo estilo de vida" inaugurado por Jesus

No mundo atual, não menos do que nos tempos difíceis do Cura d'Ars, é preciso que os presbíteros, na sua vida e ação, se distingam por um vigoroso testemunho evangélico.

Observou, justamente, Paulo VI que "o homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres; ou então, se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas". Para que não se forme um vazio existencial em nós e fique comprometida a eficácia do nosso ministério, é preciso não cessar de nos interrogarmos: "Somos verdadeiramente permeados pela Palavra de Deus? É verdade que esta é o alimento de que vivemos, mais do que o sejam o pão e as coisas deste mundo? Conhecemo-la verdadeiramente? Amamo-la? De tal modo nos ocupamos interiormente desta palavra, que a mesma dá realmente um timbre à nossa vida e forma o nosso pensamento?".

Assim como Jesus chamou os Doze para estarem com Ele (cf. Mc 3, 14) e só depois é que os enviou a pregar, assim também nos nossos dias os sacerdotes são chamados a assimilar aquele "novo estilo de vida" que foi inaugurado pelo Senhor Jesus e assumido pelos Apóstolos.

Os três conselhos evangélicos, necessários também para os presbíteros

Foi precisamente a adesão sem reservas a este "novo estilo de vida" que caracterizou o trabalho ministerial do Cura d'Ars. O Papa João XXIII, na carta encíclica Sacerdotii nostri primordia - publicada em 1959, centenário da morte de São João Maria Vianney -, apresentava a sua fisionomia ascética referindo-se de modo especial ao tema dos "três conselhos evangélicos", considerados necessários também para os presbíteros: "Embora, para alcançar esta santidade de vida, não seja imposta ao sacerdote como própria do estado clerical a prática dos conselhos evangélicos, entretanto esta representa para ele, como para todos os discípulos do Senhor, o caminho regular da santificação cristã".

O Cura d'Ars soube viver os "conselhos evangélicos" segundo modalidades apropriadas à sua condição de presbítero. Com efeito, a sua pobreza não foi a mesma de um religioso ou de um monge, mas a requerida a um padre: embora manejasse muito dinheiro (dado que os peregrinos mais abonados não deixavam de se interessar pelas suas obras sócio-caritativas), sabia que tudo era dado para a sua igreja, os seus pobres, os seus órfãos, as meninas da sua Providence, as suas famílias mais indigentes. Por isso, ele "era rico para dar aos outros e era muito pobre para si mesmo". Explicava: "O meu segredo é simples: dar tudo e não guardar nada". Quando se encontrava com as mãos vazias, dizia contente aos pobres que se lhe dirigiam: "Hoje sou pobre como vós, sou um dos vossos". Deste modo pôde, ao fim da vida, afirmar com absoluta serenidade: "Não tenho mais nada. Agora o bom Deus pode chamarme quando quiser!".

Também a sua castidade era aquela que se requeria a um padre para o seu ministério. Pode-se dizer que era a castidade conveniente a quem deve habitualmente tocar a Eucaristia e que habitualmente a fixa com todo o entusiasmo do coração e com o mesmo entusiasmo a dá aos seus fiéis.Dele se dizia que "a castidade brilhava no seu olhar", e os fiéis apercebiam- se disso quando ele se voltava para o sacrário fixando-o com os olhos de um enamorado.

Também a obediência de São João Maria Vianney foi toda encarnada na dolorosa adesão às exigências diárias do seu ministério. É sabido como o atormentava o pensamento da sua própria inaptidão para o ministério paroquial e o desejo que tinha de fugir "para chorar a sua pobre vida, na solidão". Somente a obediência e a paixão pelas almas conseguiam convencê-lo a continuar no seu lugar. A si próprio e aos seus fiéis explicava: "Não há duas maneiras boas de servir a Deus. Há apenas uma: servi-Lo como Ele quer ser servido". A regra de ouro para levar uma vida obediente parecia-lhe ser esta: "Fazer só aquilo que pode ser oferecido ao bom Deus".

Saber acolher os Movimentos Eclesiais e novas Comunidades

No contexto da espiritualidade alimentada pela prática dos conselhos evangélicos, aproveito para dirigir aos sacerdotes, neste Ano a eles dedicado, um convite particular para saberem acolher a nova primavera que, em nossos dias, o Espírito está a suscitar na Igreja, através nomeadamente dos Movimentos Eclesiais e das novas Comunidades. "O Espírito é multiforme nos seus dons. [...] Ele sopra onde quer. E fá-lo de maneira inesperada, em lugares imprevistos e segundo formas precedentemente inimagináveis [...]; mas demonstra-nos também que Ele age em vista do único Corpo e na unidade do único Corpo".

A propósito disto, vale a indicação do decreto Presbyterorum ordinis: "Sabendo discernir se os espíritos vêm de Deus, [os presbíteros] perscrutem com o sentido da fé, reconheçam com alegria e promovam com diligênciaCURA DE ARS.jpg os multiformes carismas dos leigos, tanto os mais modestos como os mais altos". Estes dons, que impelem não poucos para uma vida espiritual mais elevada, podem ser de proveito não só para os fiéis leigos, mas também para os próprios ministros. Com efeito, da comunhão entre ministros ordenados e carismas pode brotar "um válido impulso para um renovado compromisso da Igreja no anúncio e no testemunho do Evangelho da esperança e da caridade em todos os recantos do mundo".

"Forma comunitária" do ministério ordenado

CURA DE ARS.jpgQueria ainda acrescentar, apoiado na exortação apostólica Pastores dabo vobis do Papa João Paulo II, que o ministério ordenado tem uma radical "forma comunitária" e pode ser cumprido apenas na comunhão dos presbíteros com o seu Bispo. É preciso que esta comunhão entre os sacerdotes e com o respectivo Bispo, baseada no Sacramento da Ordem e manifestada na concelebração eucarística, se traduza nas diversas formas concretas de uma fraternidade sacerdotal efetiva e afetiva. Só deste modo é que os sacerdotes poderão viver em plenitude o dom do celibato e serão capazes de fazer florir comunidades cristãs onde se renovem os prodígios da primeira pregação do Evangelho. [...]

"Eu venci o mundo"

À Virgem Santíssima entrego este Ano Sacerdotal, pedindo-Lhe para suscitar no ânimo de cada presbítero um generoso relançamento daqueles ideais de total doação a Cristo e à Igreja que inspiraram o pensamento e a ação do Santo Cura d'Ars. Com a sua fervorosa vida de oração e o seu amor apaixonado a Jesus Crucificado, João Maria Vianney alimentou a sua cotidiana doação sem reservas a Deus e à Igreja. Possa o seu exemplo suscitar nos sacerdotes aquele testemunho de unidade com o Bispo, entre eles próprios e com os leigos, que é tão necessário hoje, como o foi sempre.

Não obstante o mal que existe no mundo, ressoa sempre atual a palavra de Cristo aos Seus Apóstolos, no Cenáculo: "No mundo sofrereis tribulações. Mas tende confiança: Eu venci o mundo" (Jo 16, 33). A Fé no Divino Mestre dá-nos a força para olhar confiadamente o futuro.

Amados sacerdotes, Cristo conta convosco. A exemplo do Santo Cura d'Ars, deixai-vos conquistar por Ele e sereis também vós, no mundo atual, mensageiros de esperança, de reconciliação, de paz.(Revista Arautos do Evangelho, Agosto/2009, n. 92, p. 6 à 9)São João Maria Vianney - Arautos do Evangelho


SÃO JOÃO MARIA VIANNEY - Arautos do Evangelho

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Igreja Católica comemora o Dia do Padre neste mês de agosto

A Igreja Católica celebra oficialmente em 4 de agosto o Dia do Padre, data da festa de São João Maria Vianny, o patrono  dos presbíteros, padroeiro de todos os párocos católicos.Para os católicos ser Padre é um chamado para ser um servo de Deus, um sacerdote, um “pai”, que assim como Cristo, amou e deu a vida ao povo simples e marginalizado.A data é comemorada com homenagens de cristãos do mundo todo aos sacerdotes. Paróquias, pastorais, movimentos divulgam manifestações de gratidão, carinho e reconhecimento pelo trabalho árduo dos padres. Ser padre é acima de tudo SER. Assumir a vida que um dia, pelo sopro do Espírito Santo, a voz do vento chamou para se viver. Vocação santa, que traz cura, traz amor, e carrega muitos para Deus. É ser como um instrumento por onde a Graça de Deus se manifesta.”


OS PADRES NA NOSSA PARÓQUIA


Pe. Cônego Antonio Ramalho
Pe. José Vital Ribeiro 1927
Pe. Godofredo Joosteen
Pe. Edwardes Calda Lins 1954 à 1961
  • Catequese Infantil
  • Apostolado da Oração.

Pe. Severino Silvio do Monte 1961 à 1962
Pe. Adriano Backi de 1963 à 1964
Pe. Gilvan  Liefrink 1977 à 1981
Pe. José Severino da Silva( Pe. Inaldo) 1991 à 1996
  • Grupo Mãe do Rosário
  • Pastoral da Criança
  • Pastoral do Dízimo 

Pe. Rômulo Remígio Viana 1996 à 2005
  • Ministério de Música Luz Divina 
  • Pastoral da Crisma
  • EJC
  • ECC

Pe. José Gonçalves 2005 à 2007
  • Terço do Homens
Pe. Alcebiades 2007 à 2008
  • Pastoral do Batismo
Pe. Eudes Gomes dos Santos 2008
Pe. Marcos Antonio dos Santos 2008 à 2011.
  • Ministério Infantil
  • Festejar com Cristo

Pe. Antonio Araújo 2011 até os dias atuais.
  • Pastoral da Juventude
  • Encontro de Jovens Reavivados em Cristo
  • Pastoral familiar 
  • Pastoral do idoso
  • PASCOM (Pastoral da Comunicação)

Pe. Gustavo Ferreira 2012 à 2014.
Pe José Marcondes Neves 2015.


Parabéns a todos os padre pelo seu dia,que Deus os abençoe e recompense.

Entrega Total
Banda Kairós
  

Entrega total
Renúncia radical
Querer o que deus quer pra mim
Para enfim me descobrir

Entrega total
Renúncia radical
Querer o que deus quer pra mim
Para enfim me descobrir

Tornar-se um discípulo
Escolhido pelo senhor
Deixar pai e mãe
Entregar-se por amor

Renovando a cada dia
O sim anunciado
Comprometendo-se a salvar vidas
Por amor ao crucificado

Uma homenagem da paróquia Nossa Senhora do Rosário.
Aroeiras e Gado Bravo.


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